domingo, 2 de maio de 2010

Leitura importante

Ciência, conhecimento, profissionais da informação

por
Isa Maria Freire, doutora em Ciência da Informação
Antropóloga. Professora do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação.
Convênio MCT/IBICT - UFRJ/ECO



Com quase toda a certeza, o pensamento científico tem nos acompanhado desde o início. ... Tem sido o meio da nossa sobrevivência. É nosso direito hereditário. ...” [1]


Se assim é, a ciência nasce em um organismo biológico no contexto de um modo de produção social e cultural. Emerge de um "mar de histórias" que são contadas umas à partir das outras, numa rede de pescar abstrações sobre o mundo e seus mistérios.

A atividade científica envolve os valores de igualdade, fraternidade e liberdade, que agitam os corações ocidentais desde a Revolução Francesa. Sua característica principal, desde o início, é a comunicação dos resultados, a transmutação do conhecimento em informação, que nessa forma circula na sociedade.

Nossa ciência ocidental transformou o mundo com seu trabalho, mas seus resultados são contraditórios — se mostrou sua força destrutiva em Hiroshima e Nagasaki, criou novas expectativas para a vida no planeta; se procura as estrelas mais distantes pela lente do radiotelescópio Hubble e mapeia o genoma humano, ainda não compreende os fenômenos da consciência nem como as estruturas sociais se reproduzem na teia neuronal.

Para além das necessidades do sistema produtivo, todos temos direito à informação que possa diminuir nossa incerteza diante do meio ambiente, uma informação que subsidie nossa ação no mundo.

[Mas a informação] só possui poder de ação quando adquire a condição de mensagem, com intenção específica e assimilação possível. ... [2]


E aqui, vale lembrar que mesmo mediatizada pela parafernália das tecnologias da informação, a comunicação de mensagens supõe um emissor e um receptor humanos e “sabemos que sua consciência não pode deixar ‘passar’ qualquer coisa de qualquer modo”[3].

Creio que na Era do Conhecimento que se estrutura na sociedade, cabe a nós, profissionais da informação, esse papel de mediador dos discursos, aproximando produtores e usuários do conhecimento. E precisamos fazê-lo de forma a aproveitar todas as possibilidades de comunicação. Isso significa trabalhar numa profunda interação com o receptor ao qual se dirige a mensagem — que usará ou não a informação como insumo à sua ação no mundo, construindo seu próprio saber e expressão.

Pois se o conhecimento é como a luz[4], poderemos iluminar a vida de incontáveis pessoas — das próximas às mais distantes. Este é o nosso desafio e nossa responsabilidade social: tornar tangível o intangível, ajudando a escrever um final feliz para a história da humanidade.




[1] SAGAN, C. O mundo assombrado pelos demônios. A ciência vista como uma vela no escuro. São Paulo: Cia. das Letras, 1996
[2] BARRETO, A. de A. A questão da informação. São Paulo em perspectiva, v.8 n.4, 1994
[3] GOLDMANN, L. Importância do conceito de consciência possível para a comunicação. In: O Conceito de Informação na Ciência Contemporânea; Colóquios Filosóficos Internacionais de Royaumont. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1970
[4] Knowledge for development. Relatório 1998/1999 do Banco Mundial.

Leitura para manter-se atualizado

São Paulo em Perspectiva
Print version ISSN 0102-8839
São Paulo Perspec. vol.17 no.3-4 São Paulo July/Dec. 2003
doi: 10.1590/S0102-88392003000300004
Disseminação da informação e usuários


Marilda Lopes Ginez de LaraI; Vivaldo Luiz ContiII
IProfessora da Escola de Comunicações e Artes da USP, Consultora da Fundação Seade (larama@usp.br) IIEconomista, Diretor Adjunto de Produção de Dados da Fundação Seade (vluconti@seade.gov.br)


RESUMO
A disseminação é analisada segundo a perspectiva da transferência de informação em face à reconfiguração da idéia de cidadão e cidadania. Contextualiza a discussão focando o universo das informações estatísticas e mostra as ações, serviços e produtos do Seade nessa direção.
Palavras-chave: informação estatística; usuário e cidadania; estatísticas públicas.
ABSTRACT
Dissemination is analyzed from the perspective of information transfer and how it affects the reconfiguration of the notion of the citizen and his role in society. Emphasis is placed on the universe of statistical information and the services and products of Seade in this regard.
Key words: statistical information; the end-user and the role of the individual in society; publicly available statistics.